Desocupação de imóveis no Centro de Teresina cresceu 5% nos últimos seis meses: ‘região pode colapsar em 2030’, diz levantamento
01/08/2024
Pesquisa leva em consideração uma área de pouco menos de 100 quarteirões, que concentra o maior número de linhas de transporte público, mas que teve uma redução significativa do fluxo de pessoas. Imagem aérea do Centro de Teresina, Piauí, em 16 de agosto de 2021
Magno Bonfim/ TV Clube
A desocupação de imóveis no Centro de Teresina teve crescimento de 5% nos últimos seis meses, segundo levantamento de pesquisadores do Curso de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Conforme o estudo, a região deve "colapsar" em 2030 se nada for feito.
“A situação é preocupante, pois pontos comerciais de rede varejista, pequenas e médias lojas, fecharam. São mais duas centenas de empregos a menos, impostos a menos, e isso impacta no fluxo de pessoas que consomem", explicou Iury Campelo, um dos responsáveis pelo levantamento.
A pesquisa, feita pelos pesquisadores Lara Beatriz, Ilmária Carvalho e Iury Campelo, aponta que a situação amplia a pressão sobre os comerciantes que ainda operam na região. "Se os fatores que deram causa a esse problema não forem compreendidos e atacados, o Centro de Teresina tem data para colapsar: 2030", enfatizou Iury Campelo.
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O levantamento se concentra no quadrilátero composto pela Avenida Maranhão, Rua 24 de Janeiro, Rua São Pedro e Desembargador Freitas, uma área de pouco menos de 100 quarteirões.
A região é onde há o maior entroncamento de linhas de transporte público da capital, e por onde passavam milhares de pessoas todos os dias. Contudo, houve uma redução significativa do fluxo devido ao colapso do transporte público da cidade nos últimos anos.
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Atualmente, 1.209 imóveis comerciais estão desocupados na área. Em dezembro de 2023, eram 1.152 imóveis na mesma região. Ou seja, de dezembro a junho, mais 57 pontos comerciais foram desocupados. A situação representa um prejuízo de pelo menos R$ 108 milhões à economia local.
Fortalecimento do comércio nos bairros
Imagem aérea do Centro de Teresina, Piauí, em 16 de agosto de 2021
Magno Bonfim/ TV Clube
Além do colapso do transporte público, mas também ligado a isso, o fortalecimento do comércio em outras regiões afastou (e continua afastando) os consumidores de irem ao Centro.
"Não existe mais transporte público. Havia dois grandes entroncamentos onde todas as linhas confluíam, Praça Saraiva e Praça Marechal Deodoro. Essas linhas não existem mais. 30 mil usuários do transporte público de Timon desembarcavam todos os dias nessas duas praças. Hoje, não há um ônibus sequer. O impacto do colapso do transporte público devastou o Centro mais que a pandemia. A síntese é que o Centro não é mais o destino final dos usuários", explicou Iury Campelo.
Com o comércio de bairros como Dirceu e Parque Piauí em alta, os consumidores desses bairros e dessas regiões não veem a necessidade de deslocamento até o Centro. Com isso, o perfil dos consumidores da região é de moradores dos bairros adjacentes e da população de Timon (MA), distante apenas 400 metros do Centro de Teresina.
Nesse último caso, segundo o estudo, o município maranhense ainda sustentava o consumo no Centro da capital piauiense nos últimos dez anos. Porém, a cidade registrou grande incremento imobiliário, aumento de lojas e um Shopping Center quase que de frente para o Shopping da Cidade (de Teresina).
Com um agravante: os preços das mesmas mercadorias é menor no Maranhão, conforme o levantamento. "O Centro de Teresina já estava perdendo para bairros como Dirceu Arcoverde e Parque Piauí. Agora, começa a perder para Timon, que já tem as mesmas lojas varejistas do outro lado do rio Parnaíba", afirmou Iury Campelo.
Outro fator que contribui para a desocupação é a especulação imobiliária, afirma o estudo. “O Centro de Teresina, historicamente, era uma área residencial e com forte vocação comercial. Hoje, é explorada com fins especulativos por cinco ou seis grandes empresários, que concentram os imóveis disponíveis para locação e, também, aqueles que já estão lacrados em alvenaria, sem uso, e pelo valor cobrado nos aluguéis, não justificam qualquer tentativa de negócio ou ocupação. Imóveis que poderiam ser produtivos, são objeto apenas de reserva imobiliária, sem nenhuma ocupação, sem destino, sem finalidade social”, pontuou o pesquisador.
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